Introdução
Pedir demissão é uma decisão importante na carreira de qualquer profissional. Seja por motivos pessoais, insatisfação no trabalho ou a busca por novas oportunidades, entender os seus direitos ao pedir demissão é essencial para evitar surpresas e garantir que todos os processos sejam feitos corretamente.
Neste artigo, vamos explicar detalhadamente o que acontece quando você decide pedir demissão, quais são os seus direitos, a documentação necessária e as vantagens e desvantagens dessa escolha. Se você está se preparando para tomar essa decisão ou apenas quer saber mais sobre o tema, continue lendo!
O que acontece quando você pede demissão?
Quando você decide pedir demissão, está optando por interromper voluntariamente o vínculo empregatício com a empresa onde trabalha. Diferente da demissão por parte do empregador, a demissão voluntária, ou pedido de demissão, possui regras e direitos específicos que o trabalhador deve conhecer.
Ao pedir demissão, o trabalhador deixa de ter alguns benefícios que são garantidos no caso de uma demissão sem justa causa, como o direito ao seguro-desemprego, mas ainda assim mantém alguns direitos importantes. Entender quais são esses direitos e como garantir que tudo seja feito corretamente ajuda a evitar problemas futuros.
Direitos ao pedir demissão: O que você tem direito?
Ao pedir demissão, o trabalhador mantém alguns direitos trabalhistas, mas perde outros que são garantidos apenas em casos de demissão sem justa causa. A seguir, vamos detalhar quais são os direitos que você tem ao pedir demissão:
- Aviso prévio
O aviso prévio é uma obrigação que deve ser cumprida tanto pelo empregado quanto pelo empregador. Se o trabalhador decidir pedir demissão, ele deve cumprir o aviso prévio de 30 dias ou pagar o equivalente a esse período, caso não queira trabalhar durante esse tempo. O contrário também é válido: se o empregador demitir o funcionário sem justa causa, ele deverá pagar o aviso prévio. Caso o empregado não queira cumprir, ele deve pagar à empresa o valor referente aos 30 dias. - Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)
Mesmo que o trabalhador peça demissão, ele tem direito ao saque do saldo do FGTS, mas não poderá retirar a multa de 40% sobre o valor do fundo, que é paga somente no caso de demissão sem justa causa. Ou seja, o trabalhador pode retirar o valor acumulado, mas não recebe a multa que seria devida pelo empregador em uma demissão sem justa causa. - 13º salário proporcional
O trabalhador que pedir demissão tem direito a receber o 13º salário proporcional aos meses trabalhados durante o ano. Se você pediu demissão em agosto, por exemplo, terá direito a metade do 13º salário referente ao período de janeiro até agosto. - Férias proporcionais
Caso o empregado tenha adquirido direito a férias, mas não as tenha usufruído, ele receberá as férias proporcionais aos meses trabalhados no ano, acrescidas de 1/3, conforme estabelece a Constituição Federal. - Saldo de salário
O trabalhador que pedir demissão tem direito de receber o saldo de salário referente aos dias trabalhados no mês em que fez a rescisão do contrato de trabalho. - Outros direitos
Dependendo do contrato de trabalho e das particularidades de cada situação, o trabalhador pode ter outros direitos relacionados ao seu pedido de demissão, como prêmios ou comissões que estivessem acordadas no momento da contratação.
Documentação necessária para pedir demissão
Para formalizar a demissão, é essencial ter alguns documentos em mãos. Abaixo, listamos a documentação mais comum exigida pelos empregadores:
- Carta de demissão
A carta de demissão é um documento escrito pelo trabalhador, informando ao empregador sua decisão de encerrar o vínculo trabalhista. A carta deve ser entregue com antecedência, respeitando o aviso prévio, e pode ser uma simples declaração de vontade de pedir demissão. - Termo de rescisão do contrato de trabalho
Esse documento é o principal para formalizar a rescisão do contrato de trabalho. O empregador deve elaborar e fornecer ao empregado o Termo de Rescisão, que contém informações sobre os valores a serem pagos, como saldo de salário, férias proporcionais e 13º salário. - Carteira de trabalho atualizada
A carteira de trabalho deve ser atualizada, com a anotação do desligamento da empresa, bem como com o preenchimento das informações referentes ao período trabalhado. O empregador é responsável por fazer essa anotação. - Comprovantes de pagamento de salários e benefícios
É importante que o trabalhador tenha acesso a todos os comprovantes de pagamento de salários, férias e outros benefícios recebidos durante o período de vínculo empregatício. Isso facilita a conferência dos valores devidos durante o processo de rescisão.
Vantagens e desvantagens de pedir demissão
Prós:
- Liberdade para buscar novas oportunidades
Pedir demissão pode ser uma forma de buscar novos desafios, melhores condições de trabalho ou oportunidades de carreira em outras empresas. Se o ambiente de trabalho é tóxico ou não oferece mais perspectivas, a demissão pode ser uma forma de retomar o controle sobre a sua trajetória profissional. - Evitar um ambiente de trabalho negativo
Em alguns casos, o trabalhador pode se sentir preso a um ambiente de trabalho prejudicial à sua saúde mental e emocional. Ao pedir demissão, ele pode evitar maiores impactos negativos nesse sentido. - Possibilidade de buscar novos projetos pessoais ou empreendimentos
Se o objetivo é empreender ou investir em projetos pessoais, pedir demissão pode ser o primeiro passo para se dedicar totalmente a essas iniciativas.
Contras:
- Perda do seguro-desemprego
O trabalhador que pede demissão não tem direito ao seguro-desemprego, um benefício que é concedido apenas a quem é demitido sem justa causa. Isso pode ser um grande desafio caso o trabalhador não tenha uma nova oportunidade de emprego imediatamente. - Impacto nas futuras negociações de emprego
Dependendo do contexto em que a demissão ocorreu, alguns empregadores podem ver a decisão de pedir demissão de forma negativa. Isso pode afetar futuras negociações de emprego, já que pode gerar a percepção de instabilidade no trabalhador. - Riscos financeiros durante o período de transição
Sem o seguro-desemprego e com o risco de ficar sem emprego por um período, o trabalhador pode enfrentar dificuldades financeiras enquanto não encontra uma nova colocação.
Como se preparar financeiramente antes de pedir demissão
Antes de tomar a decisão de pedir demissão, é crucial se preparar financeiramente. Aqui vão algumas dicas:
- Faça uma reserva financeira
Tente criar uma reserva de emergência, de preferência com o valor suficiente para cobrir de 3 a 6 meses de despesas, para o caso de um período de desemprego. - Pesquise o mercado de trabalho
Antes de pedir demissão, pesquise o mercado de trabalho e verifique se há vagas disponíveis na sua área. Ter um novo emprego garantido pode ajudar a minimizar os impactos financeiros. - Organize suas finanças pessoais
Revise seu orçamento pessoal, corte despesas desnecessárias e crie um plano para administrar melhor o dinheiro durante a transição.
Como pedir demissão de forma profissional e sem problemas
Pedir demissão de maneira profissional é fundamental para manter boas relações com seu empregador e colegas de trabalho. Aqui vão algumas dicas:
- Avise com antecedência
O aviso prévio de 30 dias é uma obrigação legal, mas pode ser negociado com a empresa, caso o empregado precise sair mais rapidamente. Mesmo assim, comunicar sua decisão com antecedência é fundamental. - Seja respeitoso e direto
Ao entregar a carta de demissão, seja claro sobre sua decisão e evite entrar em discussões sobre os motivos da saída. Mantenha a cordialidade. - Não abandone suas funções sem concluir projetos importantes
Tente deixar suas pendências resolvidas para não prejudicar seu desempenho e garantir uma boa saída da empresa.
Conclusão
Pedir demissão é um processo importante que exige conhecimento dos seus direitos. Embora essa decisão possa trazer novas oportunidades, é essencial entender quais são os direitos e deveres envolvidos, além de se preparar financeiramente para a transição. Lembre-se de que, se houver dúvidas, consultar um advogado trabalhista pode ajudar a esclarecer qualquer ponto que ainda esteja confuso.
Com essas informações, esperamos que você se sinta mais seguro e preparado para tomar a melhor decisão para sua carreira.

Advogado- OAB/RS: 133.081
(51) 99136-5777
Alessandro Gonçalves é Advogado, mestre, pós-graduado em Direito Empresarial, especializado em direito do trabalho, e perito ergonomia do trabalho. Ao longo de 20 anos, Alessandro contratou mais de 2 mil empregados e geriu contratos de alta complexidade na área de terceirização de mão de obra para o governo.
Atualmente coordena uma competente equipe de advogados em seu escritório, com foco total em apoiar os trabalhadores e trabalhadoras na busca de seus direitos trabalhistas.
Comprometido com o processo, Gonçalves e sua equipe estão preparados para te ajudar em qualquer fase de sua relação de trabalho mesmo depois que ela já foi extinta.
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